Clubhouse o que é, como obter convites e qual a estratégia de marketing
Dan Monteiro
Digital Marketing Specialist
Clubhouse! Alguns dizem que é elitista, outros que é só uma moda e outros estão desejosos por conseguir um convite, mas não sabem ainda bem o motivo porque o desejam tanto! Aviso já que o artigo é longo!
Vamos então falar um pouco sobre o Clubhouse App! Talvez não seja só um pouco. Há muito para dizer… Vamos lá?
⇒ O QUE É AFINAL O CLUBHOUSE?
O Clubhouse é uma aplicação! OK, que novidade não é?! O que tem de tão especial é a sua simplicidade e a forma como, de um momento para o outro, provou que, afinal, o rei não é apenas o vídeo. Aqui, o áudio é o único a ostentar a coroa.
Só áudio? Mas isso não é uma seca?
Bom… aparentemente, não! Mas já lá vamos aos números! Para já, vamos falar sobre o conceito. E para que melhor se entenda esse conceito, vou fazer algumas analogias.
Imagine um programa de rádio, onde estão 3 pessoas a conversar. Pessoas que realmente gosta e nas quais se inspira. Até aí, tudo normal não é? Agora imagine que, pode ligar para a estação, a qualquer momento e conversar com essas pessoas.
Pode então dizer-se que, de forma simplista, o Clubhouse é uma espécie de Podcast, ao vivo, onde em vez de sermos apenas ouvintes, podemos ser também participantes.
Todas as pessoas podem criar Salas temáticas nas quais vão trocar ideias. Podem convidar pessoas para esta conversa e podem permitir que outras pessoas se juntem à sala. Enquanto oradores ou, simples ouvintes. Tudo isto, acontece ao vivo. Não existem gravações.
⇒ PORQUE É UMA REDE SOCIAL?
Apesar de nem sequer existir um “feed”, é uma rede social! Temos o nosso perfil e oportunidade de ver/seguir o perfil de qualquer outro utilizador da plataforma. Ou mediante pesquisa, ou com qualquer pessoa com a qual nos cruzamos nas “salas temáticas” em que participamos. Sempre que alguma dessas pessoas cria ou participa numa “sala”, o Clubhouse avisa-nos.
Estranhamente, o Clubhouse é “apenas isto”. Não existe sequer (pelo menos ainda) um sistema de chat ou de mensagens privadas entre utilizadores. Toda a interação acontece, o vivo e única exclusivamente com áudio. É simples, mas está mesmo muito longe de ser simplista!
⇒ PARECE CHATO! AS PESSOAS ESTÃO A ADERIR?
Como é que eu posso resumir esta parte? Não é chato, muito pelo contrário! É extremamente aditivo. e os números estão a falar por si. Há menos de 1 ano, o Clubhouse tinha cerca de 200.000 utilizadores, principalmente nos Estados Unidos. “A coisa” explodiu há alguns meses (muito por culpa da presença de figuras tão conhecidas como Mark Zuckerberg, Elon Musk e milhares de outras figuras publicas.
A proximidade que se consegue é surpreendente. Dando o meu próprio exemplo, na semana passada estava numa “sala temática” onde, por mera coincidência, se juntaram pessoas que, palavra puxa palavra, pergunta puxa pergunta, acabou por ser revelado que estavam ligadas à equipa que fundou o Clubhouse. O que aconteceu foi que, às tantas, a sala tinha 5.000 pessoas (o máximo de cada sala) e eu acabei por ficar por lá mais de 4h! Principalmente, a ouvir. Garanto que, aprendi mais nessas 4h, que nos últimos vários meses! Se pensarmos que, a base de tudo (e no fundo, tudo!) o que o que se pode fazer por lá é “falar e ouvir”, digo-vos que o nível de interesse é gigantesco.
Hoje, o Clubhouse já ultrapassou os 8 Milhões de downloads. Os países com maior crescimento são EUA, Brasil e Japão. Passou de uma avaliação de 10 Milhões de USD há apenas 8 meses para uma avaliação de MIL MILHÕES. Tem apenas 9 funcionários.
⇒ MAS PORQUE RAIO ANDA TUDO LOUCO PARA ENTRAR?
FOMO! FOMO! FOMO!
Fear of Missing Out (medo de ficar de fora). Este não é apenas uma estratégia de marketing mas sim um síndrome verdadeiro. É aqui que duas ciências se cruzam. A Psicologia e o Marketing.
Fear of Missing Out (medo de ficar de fora). Este não é apenas uma estratégia, mas sim um síndrome verdadeiro. É aqui que três ciências se cruzam. A Psicologia, a Sociologia e o Marketing. Profissionais de Marketing têm o FOMO como uma das principais estratégias de “envolvimento” da sua comunidade. Do seu público alvo. Mas está longe de ser uma estratégia simples. Muito longe mesmo. E o que esta rapaziada do Clubhouse fez (e está a fazer) é impressionante. Acredito que, de futuro, será um Case Study analisado nas melhores universidades.
Quando as mais diversas personalidades internacionais começaram a juntar-se ao Clubhouse, não foi por terem sido gastos milhões a comprar essa participação. Foi porque, realmente, o nível de envolvimento conseguido com os seguidores é enorme. Claro que, as equipas destas celebridades, não iriam ficar de fora. Por outro lado, foi incrível a participação destas personalidades, de forma espontânea, em conversas e temáticas do seu próprio interesse. Em salas onde, tal e qual como se estivessem numa conversa de café, trocaram (e continuam a trocar) impressões e ideias sobre os mais diversos assuntos.
Tendo, de facto, sido uma estratégia inicial do Clubhouse (atrair influencers e criadores de conteúdos), a verdade é que tudo começou “por baixo”. O alvo não foram as grandes figuras públicas. Não havia dinheiro para isso. O alvo foram micro influencers que, por perceberem o potencial do conceito, foram-se juntando. A bola de neve começou aí! O conceito era (e é!) de facto tão bom que, os grandes tubarões também aderiram. E onde estão os grandes tubarões das mais diversas temáticas, todos os seus seguidores e admiradores querem lá estar! Não querem perder essa oportunidade!
Temos ainda a questão de só ser possível entrar “por convite”. Aqui a questão foi, não só financeira, mas também estratégica. Quanto mais “difícil” mais “desejado” (esse é um facto universal). Existiu, obviamente, a intenção de gerar curiosidade e ansiedade. Mas também, a extrema necessidade de canalizar “pouco dinheiro” para o desenvolvimento, mantendo propositadamente a “coisa” controlada enquanto a infraestrutura não permite receber, com qualidade e estabilidade, centenas de milhões de utilizadores. Seria um enorme tiro nos pés. Uma espécie de cruzamento entre dois ditados populares. Um inglês, outro português: “Slow but steady” e “Quem tudo quer, tudo perde”.
Poupando dinheiro e fazendo tudo com “pés e cabeça”, o facto de só ser possível entrar por convite, iria manter a infraestrutura barata, ao mesmo tempo que se estava a gerar uma enorme ansiedade de participação. Quando tudo estiver pronto, não será necessário “ir atrás dos utilizadores” pois, já existem milhões à espera para entrar! Genial, não é?
FOMO, FOMO, FOMO!
⇒ MAS É SÓ PARA IPHONE!! É ELITISTA E DESCRIMINATÓRIO! PORQUÊ?
Aqui começa a parte gira (para mim)! Talvez para algumas outras pessoas que, por algum tipo de milagre, chegaram até este ponto do meu artigo. O Clubhouse não é elitista, não está a “filtrar” quem tem ou não um iPhone ou a exercer qualquer tipo de “discriminação”.
PURA ESTRATÉGIA e PURA GESTÃO DE ORÇAMENTO.
Reparem: Desenvolver uma App custa MUITO dinheiro. Não só em programação, investigação, design e marketing mas, principalmente em SERVIDORES!
Já imaginaram a tecnologia que é necessária para que, milhões de pessoas estejam a conversar, com áudio, ao mesmo tempo, em tempo real, sem que existam falhas, quebras, interrupções e tudo tenha qualidade? Existem muito (mas muito!) mais utilizadores com Android que com iOS.
Existiu então uma decisão a tomar, com base em algumas questões muito comuns quando se está a desenvolver um novo produto. No caso do Clubhouse, imaginem as seguintes perguntas:
“O nosso público alvo são criadores de conteúdos. Que dispositivos mais utilizam?”: Resposta: iPhone
“Temos pouco dinheiro. É possível pagar desenvolvimento e infraestrutura para vários sistemas?”: Resposta: Não.
“Então se o nosso primeiro público alvo utiliza iPhone e não estamos prontos para receber centenas de milhões de utilizadores, vamos focar o produto, para já, em que plataforma?”: Resposta obvia: iOS (iPhone).
Temos então a situação actual. O Clubhouse recebeu, nos últimos meses, um gigantesco investimento. O seu valor de mercado sobe dia após dia. A infraestrutura necessária continua a ser bastante solidificada. É absolutamente garantido que, a muito curto prazo, o Clubhouse esteja também disponível para Android.
Não foi elitismo, foi necessidade!
⇒ CLUBHOUSE, CONVITES, COMPRAR OU OBTER!
Aqui reside mais uma prova de que, futuramente, esta será uma operação de marketing estudada em muitas universidades! Cada utilizador do Clubhouse tem direito a convidar 2 pessoas (inicialmente). Esse número de convites vai aumentando, conforme a nossa participação. Quanto mais activos formos, mais convites teremos. Para convidarmos alguém (convém que tenhamos a certeza que essa pessoa utiliza iPhone) basta escolher o nome da pessoa (a app sincroniza com a nossa agenda telefónica) e enviar o convite. É muito simples.
Mas a verdade é que a loucura é tanta e o FOMO está a ser tanto que, espantem-se, existe um “MERCADO NEGRO” para convites Clubhouse! Já os vi à venda por 5€ e já os vi à venda por 200€. Não sendo “legal” do ponto de vista dos Termos & Condições do Clubhouse, a verdade é que, não existe enquadramento jurídico para que seja proibido. Se eu quiser, vendo os meus convites. Se bem que, é muito mais divertido oferece-los ou fazer uns sorteios 😉
⇒ DEVO ESTAR NO CLUBHOUSE? VOU VENDER MAIS? É BOM PARA FAZER MARKETING?
Depende! Deve, sem dúvida, estar no Clubhouse assim que tenha essa chance. Principalmente, porque é uma excelente forma de ter envolvimento em temáticas do seu interesse, ouvir pessoas realmente muito interessantes e, sobretudo, ter a chance de aprender bastante. Portanto, enquanto “utilizador”, sem dúvida que sim.
No que diz respeito ao Marketing, aí já vai depender muito. Principalmente, depender da forma como faz a gestão da sua comunidade (como sabem, chamo-lhe Tribo) e como irá utilizar a plataforma para aumentar a sua autoridade, o seu reconhecimento e também o maravilhoso mundo do networking. Ainda é tudo muito recente. Mas, a título de exemplo, eu sou seguidor das “salas” de alguns concorrentes. Sou também seguidor das salas de algumas pessoas que me inspiram. E serei, em breve, criador de salas que “já tenho em mente”.
Portanto, sim. Esteja pelo Clubhouse assim que possível. Mais que não seja, para ir conhecendo a casa, logo desde início..
⇒ TODAS AS ROSAS TÊM ESPINHOS! PORQUE ESTÁ A EXISTIR CONTROVÉRSIA?
Sim, nem tudo são rosas. O Clubhouse está, ainda, muito longe de ir ao encontro de questões bem fundamentais. Sobretudo, ao nível da privacidade e veracidade. Existe alguma polémica na forma como o algoritmo funciona, no que diz respeito ao facto de todos os meus contactos telefónicos saberem que estou no Clubhouse (se eles também estiverem). Não existe, ainda, forma de sabermos se um determinado perfil é verdadeiro ou falso. Entre algumas outras questões (umas compreensíveis, outras nem por isso). Também ainda não está disponível em Português.
Mas a verdade é que o Clubhouse, apesar do gigantesco sucesso e potencial, é ainda um embrião. Garantidamente que, nos próximos meses, iremos assistir a enormes desenvolvimentos, melhorias e alterações necessárias (e normais).
⇒ CASA DE FERREIRO, ESPETO DE PAU!
Claro que eu deveria ter feito um bom vídeo a falar sobre isto tudo! Talvez ainda o faça! Mas, até lá, deixo-vos um vídeo que eu próprio vi, antes de ter recebido um convite. Também eu estava já totalmente consumido pelo FOMO!
Espero que o artigo tenha sido útil! Não se esqueçam, procurem por mim no Clubhouse! @danmonteiro
Até já…
Dan
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